Síndromes Psiquiátricas na infância ou adolescência: Sinais, sintomas e desafios

17/10/2019

   Atualmente existem poucas pesquisas que abordam a prevalência dos distúrbios mentais na infância e adolescência. Em um estudo realizado pela Faculdade de Medicina de São José dos Campos (2014) foi identificado que a taxa desses transtornos varia de 7% a 20%, dependendo da região e dos fatores de risco. A média na idade de pré-escola é de aproximadamente 10,2% sendo a maioria dos casos relacionados a déficit de atenção e hiperatividade. Mais da metade dos pacientes com transtornos psiquiátricos apresentaram os primeiros sintomas na infância e quase dois terços na adolescência, tendo um agravamento durante a maturidade nos casos em que não houve um diagnostico e tratamento adequado.

   Familiares e professores possuem um importante papel na identificação desses distúrbios visto que, são os que mais interagem com as crianças e adolescentes. Normalmente cabe aos pais identificar algum problema, porém, isso não é uma tarefa fácil principalmente quando: estes não conhecem os sinais e sintomas, quando há uma insegurança ou dificuldade de saber o que fazer, de aceitação ou de receio do preconceito. Esses fatores tornam-se impedimentos naturais que por muitas vezes inibem os responsáveis de procurar ajuda adequada. A demora no diagnóstico pode agravar ainda mais os sintomas portanto é preciso ficar atento, comunicando mudanças ao médico assim que possível.

  Receber orientação profissional precoce possibilita uma melhor preparação dos pais e professores para que estes consigam proporcionar um apoio correto a essas crianças e adolescentes. Mesmo que haja sentimentos de culpa, impotência, medo, raiva, frustração ou vergonha não demore em procurar auxílio médico, psicológico ou psiquiátrico pois, quanto antes houver uma avaliação profissional mais fácil será conseguir uma um tratamento adequado, minimizando assim o agravamento de qualquer síndrome.

     Vale destacar que obter um diagnóstico não é nada fácil, ele só poderá ser feito após uma análise minuciosa, atualmente não existem exames específicos e para evitar uma avaliação equivocada diversos testes e acompanhamentos deverão ser realizados.

  Os responsáveis precisam estar cientes que ao se confirmar uma patologia muitas dificuldades surgirão e precisarão ser enfrentadas, a primeira delas será conseguir um acompanhamento adequado, encontrar os profissionais e métodos mais coerentes as crenças familiares, construindo uma relação de confiança com aquele que sofre e também com sua família será desafiador portanto é preciso ser persistente até sentir que os cuidados estão atingindo os objetivos.

     Ignorar sintomas acreditando que são inerentes a idade é algo perigoso já que a espera pode causar um agravamento da doença, além de fomentar um sentimento de incompreensão ou falta de importância naquele que sofre, por pressentir que seus cuidadores, professores e amigos não conseguem perceber que há algo errado.

  Em alguns casos será necessário acompanhamento e tratamento psicopedagógico, psiquiátrico ou terapia individual tanto para criança ou adolescente como também para todos os envolvidos em sua rotina. Os transtornos mais comuns nestas fases são: estresse, ansiedade, alterações de humor, personalidade obsessiva-compulsiva, depressão, retardo mental, alterações de conduta, comportamento desafiador, déficit de atenção e hiperatividade.

   Por ter dificuldades de compreender e expressar o que sentem e sabendo que estes transtornos/síndromes podem se apresentar de maneira diferentes na infância ou na adolescência é aconselhável a procura ou orientação de um profissional caso haja três ou mais dos sintomas mencionados abaixo:

   Oscilações de humor, baixa estima, comportamento hostil, desafiador, agressivo alteração no sono ou apetite ( ingerindo alimentos e dormindo a mais ou a menos do que o habitual), agressividade, dificuldade de concentração, perda ou ganho de peso inexplicável, impulsividade, alteração na memoria ou na atenção, problemas de rendimento ou de comportamento no ambiente escolar, sintomas aparentemente físicos sem uma causa biológica ( dores de cabeça e de barriga, vômitos, choros, tristeza recorrentes por exemplo), dificuldade de comunicação ou de realizar /completar tarefa e atividades motoras normais do dia a dia, dificuldades em compreender tarefas, vocabulário limitado, dificuldade de escrita de leitura, reprodução de falas não condizentes com a idade cronológica, medo constante, comportamento agitado com dificuldade em permanecer parado ou ficar em silencio quando solicitado, violação de regras com frequência, lentidão na compreensão, atenção/vigilância excessiva ou reduzida. Estes sintomas podem ser causados por fatores biológicos, genéticos neuroquímicos ou ambientais significativos que poderão ser mais facilmente identificados e tratados com a avaliação e intervenção de um profissional.


Fontes consultadas:

D.Paulo(2008) Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Artmed, 2ª edição

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Recuperado de: revistacrescer.globo.com/Criancas/Saude/noticia/2019/02/transtornos-mentais-afetam-mais-de-10-das-criancas-brasileiras.html em 07 de Outubro de 2019.

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Recuperado de: www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/transtornos-mentais-em-crianças-e-adolescentes/visão-geral-dos-transtornos-mentais-em-crianças-e-adolescentes em 07 de Outubro de 2019.

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