Depressão e ansiedade: Patologias da Era Moderna
De acordo com uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde ( OMS) em 2018, o Brasil foi o país com o maior índice de habitantes sofrendo de depressão em toda a América Latina ( 5,8 % da população). Quando falamos em ansiedade, o destaque negativo é ainda maior, sendo o campeão mundial com 9,3% de toda a população manifestando algum sintoma. As mulheres são as que mais sofrem: jovens, gravidas, em período pós parto e idosas estão nos grupos de risco. Os números são alarmantes 7,7% da população feminina estão ansiosas e 5,1 depressivas.
Independente dos resultados acima, o sistema de saúde brasileiro possui muitas falhas no que se refere a atenção primária, diagnóstico e tratamento. Há pouca informação disponível e uma frequente dificuldade de se analisar os pacientes como um todo, como um ser integrado. Os profissionais de saúde apenas avaliam os sintomas e muitas vezes fazem as pessoas voltarem para casa sem a resolução de seus problemas, isso é muito comum.
Uma situação frequente nos Prontos-socorros é de um paciente que chega apresentando fortes dores no peito, taquicardia, dificuldade de respirar, vômitos e tremedeiras, acreditando estar sofrendo um infarto. São realizados exames com resultados dentro do padrão, o médico informa o paciente não haver nada errado com sua saúde e o libera, sem considerar que os sintomas podem ter ocorrido por uma questão emocional sendo necessário uma avaliação psiquiátrica ou psicológica. O paciente retorna para casa angustiado por não descobrir o que está causando seu mal estar, principalmente após se sentir tão pouco compreendido pelo profissional que o atendeu e continua sua rotina com os sintomas se agravando todos os dias.
Devido a falta de informações, há um forte estigma social um preconceito com os distúrbios psíquicos, isso ocorre principalmente em razão das exigências atuais de que só se tem valor: o mais bonito, o mais saudável, o mais inteligente, aquele que tem mais dinheiro ou que consegue ser multitarefas, vivendo em função do trabalho. Com medo de descobrir que possuem alguma doença psíquica e sejam julgados, menosprezados e até mesmo rotulados, seja no trabalho ou na vida social / familiar, muitos escolhem lidar sozinhos com os sintomas, acreditando que conseguirão controlá-los sem auxilio profissional, procurando ajuda somente quando a situação sai do controle.
Se diagnosticado precocemente as alternativas de tratamento são menos sofridas e com mais chance de recuperação, quando este ocorre é comum o paciente sentir-se subjulgado como alguém fraco, com dificuldade de solucionar os problemas comuns do dia a dia ou que não possui fé. Não se leva em consideração o sofrimento real dessas pessoas, seus medos são verdadeiramente reais, o apego ao passado, medo do futuro, dos outros ou de qualquer outra coisa que pode ate impedi-las de sair de casa e ter uma vida normal.
Outra questão relevante é o preconceito com os profissionais que auxiliam no tratamento, seja psiquiatra ou psicólogo, as pessoas tem uma frequente ideologia de que estes profissionais tratam "loucos" ou somente estabelecem um processo de dependência medicamentosa. Diferente disso os profissionais adequados podem ajudar a amenizar os sintomas trabalhando diretamente com suas causas. Portanto faz-se necessário um entendimento social das doenças psíquicas, através do sistema de saúde que deve possibilitar mais informações e tratamentos preventivos.
Fique atento, caso possua cinco ou mais dos sintomas a seguir por no mínimo duas semanas procure um profissional para avaliação: Humor deprimido, desânimo, perda de interesse, mudança no padrão alimentar e de
sono, dificuldade em sentir prazer, cansaço, perda de energia, não ter vontade de fazer nada, sensação de que nada dá certo, pessimismo, isolamento, apatia, baixa autoestima, concentração prejudicada com baixo desempenho escolar ou problemas em executar tarefas, sentimentos de culpa e inutilidade, irritabilidade, angustia constante, pensamentos confusos, tensão muscular, dor nas costas, no estomago com ou sem queimação, dor de barriga podendo ter diarreia, tontura ou sensação de desmaio, formigamento, suor frio, sensação de que algo ruim irá acontecer, descontrole sobre os próprios pensamentos, preocupação excessiva, medo irracional, insegurança, ressentimento, falta de ar ou respiração ofegante entre outros.
Fontes consultadas:
Dalgalarrondo,P. (2008) Síndromes Ansiosas e Síndromes Depressivas. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Artmed. 2ª edição.
Moraes, A.L.(2018).Brasil é o país mais deprimido e ansioso da América Latina. Recuperado em 05.07.2018 de: https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/brasil-e-o-pais-mais-deprimido-e-ansioso-da-america-latina/