A função paterna na relação familiar

31/07/2019

        O amor materno é algo que surge desde a gestação, as expectativas da mãe e a interação com seu bebê ainda no útero permitem a construção de um vinculo que será fortalecido entre eles após o nascimento. A adaptação e a preocupação materna nos cuidados diários proporcionam um ambiente seguro e confiável a criança. Durante todo esse processo muitos pais se perguntam o que devem fazer, como ajudar a mãe que tão instintivamente cuida de seu bebê e tem sua atenção quase que totalmente voltado ao filho ? Como conseguir ter de volta a atenção de sua esposa? Entre outras muitas questões que surgem quando a paternidade acontece. O pai possui funções importantíssimas no desenvolvimento de seus filhos e nos cuidados com a mãe, ao se atentar as necessidades dessa nova dupla ( mãe- bebê) o pai possibilita um ambiente adequado, saudável e construtivo a toda família.

        Na primeira fase, o pai deve "ajudar a mãe a ser mãe", isso quer dizer que ao fornecer a sua mulher um ambiente amparado e seguro, ele permite que esta tenha condições físicas e psíquicas de suprir as necessidades da criança em todos os aspectos então, parte do colo e segurança que o bebê recebe e necessita para amadurecer e se desenvolver vem do pai, mesmo que indiretamente. Na pratica, para proporcionar estabilidade e segurança a família, o pai precisa desempenhar alguns papéis: Dividir as tarefas com a mãe nos cuidados da criança ou da casa, auxiliar na solução de questões externas a relação dela com o bebê ou preservá-la de interferências que possam prejudicar sua atenção e dedicação total.

         No estágio seguinte ocorre um processo de desadaptação natural no qual geralmente se dá o desmame. A participação do pai é imprescindível para auxiliar a mãe a realizar essa tarefa o mais tranquilamente possível. Quando intervém com o objetivo de auxiliar a dupla ( mãe-bebê) a alcançar autonomia, principalmente no sentido de recuperar sua mulher para si, o pai permite que ela tenha mais facilidade de voltar-se para suas necessidades pessoais e traços de personalidade que estavam adormecidos devido a dedicada atenção total a criança. Na medida em que percebe a separação da mãe, o bebê se abre para novas relações reconhecendo a figura paterna que neste momento surgirá como "alguém que em circunstancias favoráveis pode ser amado, odiado, temido e respeitado". O pai funcionará como sustentador do amadurecimento infantil, sendo a primeira pessoa total reconhecida pela criança, servindo como modelo para que o filho se torne um indivíduo integrado.

        Mais adiante no desenvolvimento infantil, a presença paterna com traços claros de proteção, força e inflexibilidade serão indispensáveis para que a criança aprenda a lidar com seus impulsos principalmente na relação materna, isso ocorre quando o pai consegue estabelecer e manter regras e limites o que permitirá que o filho adquira a capacidade de lidar com seus sentimentos de culpa e responsabilidade ( base da moralidade pessoal). A segurança de um ambiente estável auxilia a criança a desenvolver características importantes como por exemplo a espontaneidade. Nesse estágio o pai começa a ser reconhecido como mais um membro na relação familiar e não como alguém que também é uma extensão da mãe.

       Na fase seguinte do desenvolvimento, no qual a criança já identifica três pessoas, considerando ela mesma como um membro dessa tríade, ela encontra na maioria dos casos uma estrutura familiar preparada para recebê-la e ajudá-la a entender seu papel nas relações cada vez mais complexas que surgirão. Especialmente quando o pai consegue impor limites, sendo firme e protetor, mas também participativo nas brincadeiras, reconhecendo e valorizando as características pessoais de seu filho é que este consegue sentir o pai como um individuo importante, aprendendo com ele significados necessários nas experiências de rivalidade e amor vividos nesse período.

      A ausência de um pai ou de alguém que exerça esse papel de maneira adequada pode causar inúmeros problemas de desenvolvimento na criança portanto, participar de grupos terapêuticos, aconselhamento familiar ou terapia individual pode auxiliar toda a família a superar cada uma das fases, sendo possível ocorrer como um prazeroso aprendizado, proporcionando mais proximidade e união entre os envolvidos.


Fontes consultadas:

Dias, E.O. (2014).Caracterização adicional do ambiente facilitador: a mãe suficientemente boa e o pai do bebê. A teoria do Amadurecimento de D.W. Winnicott. 3ª edição

Rosa, C.D. (2014). O pai em Winnicott. E o pai? Uma abordagem Winnicottiana. DWWeditorial.